Blog de Juan Fernández

De todo un poco, como en botica. Apuntes medioseculares, donde, por hablar, se habla hasta del gobierno. Este blog cuenta con la bendición de los siguientes santos: San Woody, San Humphrey, San Frank McCourt, Santa Almudena, Grande de España, patrona de los canadienses, y Santa Dorothy Parker. Borrachos y borrachas de sombra negra, abstenerse.

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sábado, julio 05, 2008

Interludio dominical


Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.

Não desejei senão estar ao sol ou à chuva —
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo (E nunca a outra cousa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.

Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão —
Porque não tinha que ser.

Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.

Fernando Pessoa

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ha de ser cosa del destí que pessoa signifique persona: és el resultat del desdoblament de la personalitat d’aquest poeta que feia servir noms diferents, inventats, per a donar veu a les seves creacions. Alberto Caeiro, Alvaro de Campos i Ricardo Reis són els heterònims que utilitzava per a despersonalitzar-se i així deixar fluir la poesia modernista i futurista que conreava.
I com diu el pròleg d’un llibre de Paul Auster, ser un escriptor és convertir-se en un estrany, en un estranger: has de començar a traduir-te a tu mateix. Escriure és un cas de suplantació de la personalitat: és fer-te passar per un altre.

09:21  

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